Esta semana estive na Galiza, na Universidade Ágora.
Foi objetivo trabalhar o espaço público com os alunos, num exercício prático que decorreu em Ponteareas.
O centro da cidade acaba de sofrer uma revolução. Apenas com umas latas de tinta e algum mobiliário urbano, passou a área de coexistência, ou seja, o carro perde a prioridade para as mobilidades suaves, circulando à velocidade máxima de 10km/h.
No casco velho havia uma rotunda com vários sentidos de tráfego. Hoje, uma enorme praça com floreiras/jardins e bancos, onde as pessoas se sentam e convivem à moda espanhola. Os carros ficam em pequenas bolsas criadas nas entradas da cidade.
Em breves minutos consegui fotografar tudo. Pessoas idosas a caminhar com bengalas e andarilhos, algumas em cadeiras de rodas, pais com carrinhos de bebé, miúdos de bicicleta, entre cidadãos que apenas por ali passavam a pé.
Costumamos dizer que nós e os Galegos somos o mesmo povo, pois quase falamos a mesma língua e temos, inclusive, um povoamento parecido. Mas não é bem assim. Pelo menos na cultura de mobilidade. Do lado de cá, a 30km, é “impossível” tirar carros do interior das muralhas.
Em Ponteareas, a autarca acredita que o espaço público seguro e inclusivo permitirá a proximidade dos cidadãos e é a única medida capaz de promover a vivência entre gerações.
Os alunos tiraram fotos, anotaram as medidas táticas que se podem implementar no espaço público e terminamos a aula com um momento muito especial. Ouvia-se o bater da bola no chão. Eram as crianças que, felizes, voltavam a brincar na rua.
Nesse instante, todos percebemos que a lição maior do dia estava ali.
